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Foto do escritorChristian Gurtner

Natalis

Atualizado: 14 de nov. de 2021


Talvez essa celebração de fim de ano tenha uma origem muito diferente do que você imaginava.

Representação de São Nicolau — Aleksa Petrov, 1294

FICHA TÉCNICA

Pesquisa, roteiro e produção: Christian Gurtner Participação especial: Ouvintes do Escriba Cafe

 

PATRONOS

Esse episódio foi possível graças ao apoio de Soraya Pfeiffer, Ramon Mineiro, Raphael Dos Santos Maia, Genício Zanetti, Ednaldo, Raphael Santana, Silton, Heleno Maciel Júnior, Guilherme Reis, Francisco Menezes, Mauro Lacerda, Rogerio_AA, Fulvius Gabriel, Roberto Potenza, Munique Vieira, Miguel Grazziotin, Jonatas Dutra

 

Representação da Saturnália de Antoine-François Callet

LINKS CITADOS

 

TRILHA SONORA

  1. Celtic Impulse — Kevin MacLeod

  2. Angevin — Kevin MacLeod

  3. Eastern Thought — Kevin MacLeod

  4. Evening Melodrama — Kevin MacLeod

  5. Folk Round — Kevin MacLeod

  6. Frozen Star — Kevin MacLeod

  7. Our Story Begins — Kevin MacLeod

  8. Pippin the Hunchback — Kevin MacLeod

  9. The Path of the Goblin King V2 — Kevin MacLeod

  10. The Pyre — Kevin MacLeod

  11. Symphony No. 5 in C Minor, Op. 67 — IV. Allegro — Ludwig Von Beethoven

  12. Ave Verum Corpus — Amadeus Mozart

Escultura de Mitra

BIBLIOGRAFIA

History.com Staff. (2009). History of Christmas. Retrieved December 14, 2015, from http://www.history.com/topics/christmas/history-of-christmas#

Pappas, S. (2012). Pagan Roots? 5 Surprising Facts About Christmas. Retrieved from http://m.livescience.com/25779-christmas-traditions-history-paganism.html

Salisbury, M. (2009). Did the Romans Invent Christmas? | History Today. Retrieved from http://www.historytoday.com/matt-salusbury/did-romans-invent-christmas

TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

(As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los)


Ler a transcrição completa do episódio


Introdução

As ruas de Roma estavam repletas de gente. Música, bebida, comida, sexo e brincadeiras estavam por todas as partes.

Era a Saturnália, um festival em homenagem ao deus Saturno, que, por vários dias no inverno deixava a cidade em festa e tudo de ponta cabeça: nenhuma prisão era feita, escravos trocavam de papéis com seus donos, vestindo suas roupas e sentando na ponta das mesas, camponeses comandavam a cidade e escolas e comércio não funcionavam para que todos pudessem participar.

Foi assim que se originou o carnaval? Não. Essa é uma das origens do Natal. Ho ho ho.

O inverno europeu

Na antigüidade, o inverno, em grande parte da Europa, era rígido. Nos últimos dias de dezembro, onde o inverno atingia seu ápice no solstício, o trabalho no campo cessava. Tudo o que havia para ser colhido já havia sido feito, boa parte dos animais já haviam sido abatidos e não precisavam ser alimentados e as pessoas assim tinham tempo para festejar e se dedicar aos seus deuses.

Na Alemanha, acreditava-se que o deus pagão Oden, nessa época, voava durante a noite observando as pessoas e assim decidia quem iria prosperar e quem iria perecer, fazendo com que muitos preferissem ficar dentro de suas casas.

Mas em Roma

Em Roma o inverno não era tão intenso como nos países mais ao norte, e assim o clima permitia que festividades como a Saturnália acontecessem.

Saturno era o deus da agricultura dos romanos, e a Saturnália, que o celebrava, também acontecia nos últimos dias de dezembro. Para muitos, era considerada a melhor época do ano e, vários registros mostram que a Saturnália, com bêbados cantando, copulando e correndo pelados pelas ruas era a festa mais alegre de todas.

Nessa mesma época, acontecia também a celebração ao deus Mithra, chamada dies natalis solis invicti, que significa Nascimento do Sol Invicto. E para muitos romanos, era o dia mais sagrado do ano. A celebração era menos agitada que a Saturnalia, porém, acabou se misturando com o passar dos séculos e se tornando tão festiva quanto.

A seita cristã

Nos primeiros séculos do calendário gregoriano, uma nova seita passou a ganhar força em Roma, tratava-se dos cristãos, monoteístas, porém seguidores de uma trindade, onde, Jesus Cristo era o deus na Terra.

Após o Imperador Constantino se converter à nova seita, ela passou, gradativamente a se tornar a religião dominante do Império Romano.

Por muito tempo o cristianismo e a religião antiga coexistiram em Roma. E a Saturnália continuava a ser festejada, até mesmo por cristãos, afinal, fazia parte da tradição de Roma.

A páscoa era a principal celebração cristã. O nascimento de Jesus não era celebrado e, aliás, nem mesmo se sabia o dia de seu nascimento. Porém, o Papa Julius I definiu a data do nascimento para o dia 25 de dezembro. Dessa forma, a igreja teria mais facilidade na aceitação do natal pelos pagãos. No entanto, acabar com a Saturnália era impensável, e desistiram também de ditar como o natal deveria ser celebrado. E assim, misturando-se a Saturnália e as celebrações do deus Mithra, o carnavalesco natal cristão é celebrado por vários séculos, cada parte da Europa com suas tradições.

O fim do natal

Justamente por ter raízes pagãs, o natal não era bem visto por puritanos e ortodoxos, que quando tomaram o poder na Inglaterra, no século XVII, cancelaram as festividades natalinas para recuperar a decência britânica.

Quando Carlos II recuperou o trono, ele reestabeleceu a celebração do natal, porém, os peregrinos separatistas britânicos que partiram para a América em 1620, fizeram com que o natal fosse mal visto até o final do século, quando após a Revolução Americana, os costumes britânicos caíram, incluindo o natal, que só veio a ser considerado um feriado nacional em 1870.

Os americanos então reinventaram o natal, o transformando numa festividade familiar e caseira.

Santa Claus

Surgia também no século XIX a figura do Papai Noel. Apesar de tradições antigas já contarem com a presença de entidades nas crenças, o Papai-Noel como o conhecemos hoje também é uma invenção americana baseada em uma lenda Européia.

São Nicolau foi um monge nascido por volta do ano 280. Ficou conhecido por sua bondade e generosidade. Uma das lendas conta que ele doou toda sua riqueza e passou a viajar ajudando os pobres e doentes. Na época do renascimento, São Nicolau era um dos santos mais populares na Europa, e o dia de sua morte, 6 de dezembro, era o dia de celebrá-lo, principalmente na Holanda.

E foi assim que foi noticiado em um jornal de Nova York no século XVIII o fato de famílias holandesas celebrarem São Nicolau em dezembro, ou Sinter Klaas, como era conhecido em holandês, que foi logo adaptado para Santa Claus. O mesmo monge deu origem também ao Pai Natal e outros personagens do natal na Europa.

Porém não havia uma imagem definida de Papai Noel. Com o passar dos anos, desenhos e descrições dele tinham os mais diferentes aspectos, seja na vestimenta ou na aparência física.

Foi só no século XIX, quando o natal foi abraçado pelo comércio e a tradição de fazer compras para presentear os parentes e amigos ganhou força, que um modelo universal de Papai Noel foi se formando. Um velhinho de barba branca e roupas vermelhas passou a ser mais usado, e ganhou grande popularidade ao ser adotado pela Coca-Cola numa de suas propagandas.

O natal de hoje

O natal hoje é praticamente um evento comercial. Compre! Junto com o sucesso do natal veio o dia dos pais, das mães, das crianças, enfim, o ponto fraco das famílias para que se sintam obrigadas a comprar, comprar, comprar.

Do que era uma festividade alegre, carnavalesca e lúdica não restou muita coisa, sendo hoje uma grande mistura de influências de várias religiões, crenças, culturas e costumes milenares.

Porém, muito mais do que religião, o natal é, nos dias de hoje a única forma de reunir a família para celebrar, confraternizar, brigar, comer e presentear.

Que saudade de Roma, Ho Ho Ho…

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