Nessa comemoração de 10 anos do Escriba Cafe, conheça um pouco a história de nosso universo, do Big Bang até a criação desse podcast através de um cenário teatralmente espetacular no castelo de Löwenttur e com convidados especiais dos primórdios do podcast no Brasil.
FICHA TÉCNICA
Roteiro: Christian Gurtner, Carl Sagan, Vanderson dos Santos, Felipe Cauville, Leandro Lopes Produção e narração: Christian Gurtner Participação especial: Maestro Billy, Bia Kunze, Vito Andolini, Sergio Vieira, Tatto Garcia, Eddie Silva, Alexandre Marchi, Ricardo Macari
PATRONOS
Esse episódio foi possível graças ao apoio de Ramon Mineiro Maia, Genicio Zanetti, Soraya Pfeiffer, Rogerio_AA, Osiro Notlis, @GuiReisBH, Francisco Menezes, Rosi, Fulvio Longhi, Daniel, Alexandre Moreira, Gabriel, Roberto Potenza
LINKS CITADOS
TRILHA SONORA
Violin Concerto in D Op. 61 — Ludwig Von Beethoven
The Rule — Kevin MacLeod
Symphony No. 5 — Op. 67 — Ludwig Von Beethoven
Metaphysik — Kevin MacLeod
Cannon in D Major — Johann Pachelbel
Le Nozze di Figaro — Wolfgang Amadeus Mozart
Ave Verum Corpus — Wolfgang Amadeus Mozart
Piano Concerto No. 5 — Op. 73 — Ludwig Von Beethoven
BIBLIOGRAFIA
MINUTEPHYSICS. Science, Religion, and the Big Bang.Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=q3MWRvLndzs >. Acesso em: 27/05/2015
FREIRE, L.. A breve história da Terra, de modo que você não durma — PARTE 1. Disponível em: < http://miramachina.com/breve-historia-da-terra-p1/ >. Acesso em: 27/05/2015
NATIONAL GEOGRAPHIC. Origins of the Universe. Disponível em: < http://science.nationalgeographic.com/science/space/universe/origins-universe-article/ >. Acesso em: 27/05/2015
LIMA, M. A. C. S. . A origem da vida. Disponível em: < http://www.mundoeducacao.com/biologia/origem-vida.htm >. Acesso em: 26/05/2015
TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO
(As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los)
Ler a transcrição completa do episódio
Pálido Ponto Azul
A espaçonave estava bem longe de casa. Eu pensei que seria uma boa ideia, logo depois de Saturno, ela dar uma última olhada em direção de casa. De Saturno, a Terra pareceria muito pequena para a Voyager captar qualquer detalhe. Nosso planeta seria apenas um ponto de luz. Um “pixel” solitário.
Olhe de novo esse ponto. É aqui, é a nossa casa, somos nós. Nele, todos que você ama, todos que você conhece, qualquer um sobre quem você ouviu falar, cada ser humano que já existiu, viveram as suas vidas.
A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pense nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, pudessem ser senhores momentâneos de uma fração de um ponto. Pense nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores de um canto deste pixel aos praticamente indistinguíveis moradores de algum outro canto, quão frequentes seus desentendimentos, quão ávidos de matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.
As nossas posturas, a nossa suposta auto-importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são desafiadas por este pontinho de luz pálida. O nosso planeta é um grão solitário na imensa escuridão cósmica que nos cerca. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de outro lugar para nos salvar de nós próprios.
A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que abriga vida. Não há outro lugar, pelo menos no futuro próximo, para onde a nossa espécie possa emigrar. Visitar, sim. Assentar-se, ainda não. Gostemos ou não, a Terra é onde temos de ficar por enquanto.
Já foi dito que astronomia é uma experiência de humildade e criadora de caráter. Não há, talvez, melhor demonstração da tola presunção humana do que esta imagem distante do nosso minúsculo mundo. Para mim, destaca a nossa responsabilidade de sermos mais amáveis uns com os outros, e para preservarmos e protegermos o “pálido ponto azul”, o único lar que conhecemos até hoje.
Considere de novo esse pálido ponto azul que temos falado.
Imagine que você está olhando fixamente para o ponto por um longo tempo…
E, então, tente se convencer de que deus criou todo o universo somente para uma das aproximadamente dez milhões de espécies de vida que habitam este grão de poeira.
Agora, dê um passo adiante: imagine que tudo foi feito apenas para uma única nuança dessa espécie, ou gênero ou subdivisão étnica ou religiosa.
Se isso não lhe parecer improvável, tome outro ponto no espaço como exemplo.
Imagine que ele também é habitado por uma forma diferente de vida inteligente, que também nutre a noção de um deus que criou todas as cosias para seu bem.
Até que ponto você levaria a sério essa pretensão?
E as luzes no céu se levantam e se põem ao nosso redor…
Não é evidente que estamos no centro do Universo?
Aristóteles, Platão, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, e quase todos os grandes filósofos e cientistas de todas as culturas, durante três mil anos, até o século XVII, acreditaram nessa ilusão.
As imensas distâncias até as estrelas e as galáxias significam que todos os corpos que vemos no espaço estão no passado — alguns deles tal como eram antes que a Terra viesse a existir.
Os telescópios são máquinas do tempo. Há muitas eras, quando uma galáxia primitiva começou a derramar luz na escuridão circundante, nenhuma testemunha poderia ter adivinhado que bilhões de anos mais tarde alguns blocos remotos de rocha e metal, gelo e moléculas orgânicas se juntariam para formar um lugar chamado Terra; nem que surgiria a vida, nem que seres pensantes evoluiriam e um dia captariam um ponto dessa luz galáctica, tentando decifrar o que a enviara em sua trajetória.
E depois que a Terra morrer, daqui a uns 5 bilhões de anos, depois que ela for calcinada ou até tragada pelo Sol, surgirão outros mundos, estrelas e galáxias — e eles nada saberão de um lugar outrora chamado Terra.
No entanto,não importa quantos reis, papas, filósofos, cientistas e poetas tenham insistido em afirmar o contrário, a Terra, por todos esses milênios, persistiu em girar em torno do Sol.
Pode-se imaginar um observador extraterrestre olhando a nossa espécie com desprezo durante todo o tempo, enquanto tagarelávamos animadamente: ‘O universo criado para nós! Somos o centro!Tudo nos rende homenagem!’. E concluído que nossas pretensões são divertidas, nossas aspirações patéticas, e que este deve ser o planeta dos idiotas.” (Carl Sagan)
Do Big Bang à Terra
Hoje vocês irão conhecer a história completa do Escriba Cafe. Portanto, voltemos ao passado através da máquina do tempo de Löwenttur.
13.7 bilhões de anos atrás
O universo era tão denso e fervente que a física seguia outras regras e o que conhecemos como tempo, não existia.
O tempo não existia e a física seguia regras diferentes.
O tempo surgiu a partir do Big Bang, um acontecimento de nome sonoro, mas que foi desacelerado e silencioso. Eis que houve o ínicio e universo expandiu. Sua energia foi espalhada e foi esfriando.
Quanto mais tempo surgia, mais a poeira espalhava pelo vazio, ora se afastando e ora se reagrupando em corpos siderais.
O universo continuou sua expansão e seus objetos viajaram pela curvatura do espaço e mais e mais corpos se uniam. Colisões que criaram mundos tão grandes e massivos que suas pressões transformaram seus elementos e tornaram-se estrelas.
A dança dos corpos celestes desenhou o formato das galáxias, cada uma com seus bilhões de estrelas, planetas, pedras e poeira.
Tanto tempo se passou, que até certas estrelas, tal qual no início do tempo, em sua pressão e temperatura tornaram-se supernovas que espalharam mais e mais seus elementos pelas galáxias criando novos mundos e estrelas.
Quando o tempo chegou em dois terços do que existe hoje, uma galáxia ganhou uma nova estrela. Hoje nós a chamamos de Sol, residindo na Via Láctea.
Planetas, detritos e poeira orbitaram o Sol e o sistema solar foi tomando sua forma. Um pequeno planeta, cheio de atividades vulcânicas e crosta derretida orbitava por perto e sofreu uma colisão com outro planeta, um pouco menor, que transformou ambos em um só corpo com uma nuvem de detritos o circulando, como um anel. Essa titânico impacto colocou o planeta resultante no eixo perfeito para que se tornasse especial em relação aos seus vizinhos próximos.
Esse planeta mais tarde seria conhecido como Terra e seu anel se acumulou para formar a sua lua.
A Terra esfriou e sua crosta solidificou. Os gases que eram emitidos pelas atividades vulcânicas e calor da superfície puderam se tornar líquidos e a atmosfera mais densa, com uma temperatura agradável de 15ºC.
Então choveu. Choveu por um bilhão de anos.
Assim, através de aminoácidos especiais que vieram do espaço através de um asteróide, ou através de reações químicas puramente terráqueas, surge aquilo que mudaria para sempre a relação desse planeta com os seus vizinhos. (Felipe Cauville)
A vida na Terra
Vida. Sua origem é tão misteriosa quanto sua força. Embora abstrata há 4,5 bilhões de anos, de alguma maneira ela já estava presente, apenas aguardando nas sombras o momento ideal para a sua manifestação.
As constantes alterações sofridas pelo planeta Terra em seu princípio não eram favoráveis para que um organismo vivo sequer fizesse do novo mundo o seu berço. No entanto, aquilo que impedia a origem da vida viria, com o passar dos primeiríssimos anos, ser a causa para o surgimento dela.
Seja pela Teoria da Panspermia Cósmica, que diz que a vida na Terra teve início a partir de seres ou substâncias oriundas de outras partes do universo, ou pela Teoria da Evolução Molecular, que afirma que foi a evolução química de compostos inorgânicos para compostos orgânicos a responsável pelo princípio da existência, o fato é que o primeiro organismo vivo, originário desta mescla de substâncias químicas, viria ser a concretização da vida e o primeiro passo ao que passaríamos a conhecer como evolução.
Assim os seres aquáticos cresciam e se diversificavam até que um deles sai da água para explorar todo o novo mundo da superfície.
E ali prosperaram. Não demorou muito para os primeiros reis da terra surgissem: os dinossauros.
Sendo o topo da cadeia alimentar, esses répteis dominaram o planeta por milhões de anos. E provavelmente ainda dominariam, se não fosse por um trágico acaso. (Vanderson Fernandes dos Santos)
A evolução
Um grande meteoro atinge a Terra há 65 milhões de anos atrás, fazendo valer a teoria de que somente os mais adaptáveis sobrevivem, varre os dinossauros da Terra, deixando-a mais apta para a evolução dos animais de sangue quente que foram capazes de sobreviver ao frio do inverno nuclear promovido pelo meteoro. Logo alguns símios começariam a comer carne, o que contribui para desenvolvimento de seus cérebros, surgindo, então, o primeiro animal do planeta consciente de sua existência e que faz a pergunta que mudará tudo: quem somos nós?
Magia, misticismo e religião começam a dar lugar para uma nova e mais precisa forma de tentar responder essa pergunta: a ciência.
Porém, para cada resposta, outras perguntas surgem, e aqueles símios mais evoluídos começam a olhar para cima e imaginar o que há lá fora. Criam lunetas, cálculo, teorizam as leis da física e também a primeira resposta cética da pergunta primordial: de onde viemos.
Até que no final do Século XIX, depois de passar pelas mãos e estudos de várias mentes brilhantes como Tales de Mileto, Otto von Guericke, Luigi Aloisio Galvani, Michael Faraday, James Clerk Maxwell, Nicola Tesla e vários outros, finalmente o homem é capaz não só de produzir, mas também controlar e dar utilidade a eletricidade, iluminando o planeta e abrindo as portas para um admirável mundo novo.
O Rádio
Em 1887 o físico alemão Heinrich Hertz havia descoberto as ondas de rádio, e por isso elas levam seu nome.
O Italiano Guglielmo Marconi, após ver a apresentação de Hertz, resolveu então elaborar uma forma de usar essas ondas rádio para transmitir sinais, criando um sistema de antenas. Desenvolveu com sucesso um telégrafo que usava as ondas de rádio para transmitir mensagens.
Em 1900 em uma briga entre Brasil e Estados Unidos parecida com a da invenção do avião, um padre Brasileiro e um cientista americano fazem a primeira transmissão de voz via rádio, porém a patente fica com o americano Reginald Aubrey, deixando o brasileiro Landell de Moura quase no esquecimento.
Assim na noite de natal 1906, Reginald cria a primeira estação de rádio, transmitindo a música Noite Feliz, executada por ele mesmo em seu violino.
Porém, o mais importante disso tudo é que o ser humano e sua tecnologia davam o primeiro para um mundo sem fios.
O computador
A necessidade do homem de calcular estimulou cientistas e inventores a substituir o raciocínio lógico humano por máquinas de calcular mecânicas.
Mesmo não tendo um único inventor, o inglês Charles Babbage é conhecido com o Pai do Computador por conceber uma máquina de calcular muito próxima do computador que conhecemos hoje.
Enquanto Babbage desenvolveu a pedra fundamental para o hardware, o matemático inglês George Boole fez o mesmo para o software, criando a álgebra binária utilizada até hoje nos computadores, inclusive no equipamento que você está ouvindo este podcast.
E mais uma vez a guerra acelerou a tecnologia. Em 1944 Universidade de Harvard cria o Mark I e Allan Turing concebe o Colossus com o objetivo de desencriptar mensagens (combatendo diretamente a máquina Enigma, utilizada pelo exército Alemão) e resolver problemas matemáticos, ficando conhecida como a Máquina de Turing. Em 1946 chega o ENIAC (Electrical Numerical Integrator and Calculator) concebido para realizar cálculos balísticos durante a guerra pelos cientistas estadunidenses John Eckert e John Mauchly sendo mais de mil vezes mais rápido que qualquer máquina de sua época, mas foi entregue após o prazo e não foi utilizado para tal.
Na década de 70 chega a era dos Computadores pessoais, dois malucos criam um computador dentro de uma garagem, Steve Wozniak e Steve Jobs sonham em levar o computador para a casa das pessoas, estava criada a Apple e seu Apple I. Ao mesmo tempo Bill Gates e Paul Allen fundam a Microsoft desenvolvendo softwares para Apple e para o IBM PC apresentado pela mesma em 1981 utilizando chip Intel.
Mas nada se compara com o que estaria por vir, um computador em casa para fazer planilhas, documentos, jogos não se compararia com o poder de conecta-los todos no mundo inteiro para compartilhamento de conteúdo, conhecimento e quebrando as barreiras da comunicação trazendo para o presente a vídeo-chamada. (Leandro Lopes)
A internet e o podcast
A partir uma tecnologia já existe de comunicação de computadores em rede para uso científico ou militar e de forma bem simplória, que nos anos 70 possuía somente algumas centenas de computadores conectados entre si, nos 90 a rede mundial de computadores chega ao público em geral, que, usando a linha telefônica conseguia acessar informações e computadores de toda parte do mundo.
Tanto a internet quanto os computadores continuaram se desenvolvendo rapidamente, chegando nos anos 2000 com a capacidade de assistir vídeos, acessar sites com gráficos bonitos, compartilhar todo e qualquer tipo de arquivo, inclusive áudio.
E foi aí, quase que de forma nostálgica, que foi criada uma nova era do rádio quando Adam Curry, aproveitando scripts já existentes para indexação e distribuição de conteúdo, consegue fazer programas de áudio serem enviados para o iTunes através do feed. Criando, assim, em 2004 o podcast, que ao contrário dos primórdios do rádio, não era ao vivo e podia ser ouvido quando, onde e como o ouvinte quisesse.
Dessa forma, usando as descobertas, invenções e pesquisas de centenas de mentes brilhantes que passaram pela história, em 29 de maio de 2005 é fundado então o podcast Escriba Cafe.
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